domingo, 11 de outubro de 2009

Seu nome é Jonas


Escolhi essa postagem porque este filme é comovente e também porque embrou-me um "caso" que existe na escola de um menino que se comunica apenas por gestos e é extremamente comunicativo, expansivo e adora dançar.
Não é meu aluno, mas está seguidamente na minha sala de aula. Já insisti junto a direção e equipe pedagógica. Atualmente contamos apenas com um profissional para fazer esses encaminhamentos para o NASCA e casos semelhantes a esses ficam sem diagnóstico por longo tempo.
Bem, vamos ao relato do filme e também alguas considerações e reflexões feitas.

Seu nome e Jonas


A história de Jonas nos mostra uma realidade bem presente e atua onde a discriminação e também a falta de informação são os pontos mais cruciais na vida de qualquer pessoa surda. Esse quadro de desinformação e descriminação predomina ainda hoje não só nas famílias de classe menos favorecida econômica e culturalmente, mas também nas famílias de classe média e alta que apresentam melhores condições financeiras e que poderiam optar por profissionais de qualidade na busca de um diagnóstico mais preciso.
Também muitas vezes, os profissionais ( médicos, psicólogos e terapeutas) tem dificuldade de precisão no diagnóstico prejudicando e comprometendo com isso o desempenho cognitivo e social de qualquer desses indivíduos.
Antigamente, não se viam pessoas deficientes, pois elas eram “escondidas” dentro de suas casas, asilos, instituições de caridade ou manicômios, pois ao apresentarem qualquer sintoma ou característica que não condiziam com as “ditas” pessoas normais eram considerados “loucos” ou “deficientes mentais” e incapazes de qualquer tipo de aprendizagem ou socialização.
Junte se a isto a rejeição e a culpa que muitos pais sentem por gerar um filho “deficiente”, surdo. Tudo isto dificulta e retarda todo o desenvolvimento da criança surda, pois quanto mais cedo ela for entendida como um ser capaz, como qualquer outra pessoa, e que se diferencia apenas por utilizar outra forma de comunicação, ou seja, a língua de sinais.
Com Jonas não foi deficiente por conta dessa mentalidade cultural e histórica de nossa sociedade, foi rejeitado e abandonado por sua família numa clínica, local que em nada contribuía para a superação de suas dificuldades.
Finalmente, após três anos de permanência na clínica o médico percebe que Jonas não apresenta nenhuma característica para ser considerado com problemas mentais e sugere sua volta ao lar. De regresso, embora o esforço de parentes ( irmão, avós, tios) não “lembra” de mais nada e mostra-se distante e ausente.
Inconformada sua mãe tenta um novo diagnóstico onde fica constatada sua surdez e passa então a fazer uso de um aparelho de surdez, incômodo, que é colocado junto ao seu corpo e que em nada lhe ajuda na comunicação e compreensão e integração com os demais e com o mundo que o cerca. Fato que o torna muitas vezes agressivo, não obstante seu enforco em fazer se entender através da emissão de sons ou gestos.
Frente a toda essa situação e já tendo o diagnóstico de surdez sua mãe resolve colocá-lo numa escola de surdos que adota a metodologia da leitura labial onde Jonas era “forçado” a falar e expressamente proibido de usar a língua de sinais, pois professores e orientadores pedagógicos consideravam essa modalidade de comunicação discriminatória e dessa forma, o menino jamais se livraria do estigma de surdo.
O pai mantinha-se alienado frente toda essa situação, embora muitas vezes integrá-lo à sociedade, levando-o a algumas atividades esportivas, juntamente com seu irmão. Mais uma vez lá Jonas era vítima de preconceito e discriminação por parte dos amigos de seu pai que não permitiam que participasse das atividades. (Sociedade ingrata e cruel, essa)!
O pai não acreditava na potencialidade de seu filho, considerava-o incapaz de jogar bola, andar de bicicleta como qualquer garoto de sua idade, a ponto de chamá-lo de “retardado” e suplicando a sua mulher que o internasse novamente na clínica. Diante da resistência da esposa resolve abandoná-los.
A mãe do menino, no entanto, não desistia dele e, embora enfrentasse muitos de sentimentos contraditórios, ora de culpa, ora de desespero. Buscava incessantemente torná-lo mais feliz essa oportunidade surgiu justamente na trajetória para a escola e percebeu um casal e uma criança que faziam o uso da língua de sinais e percebeu que eram pessoas bem resolvidas.
Numa visita ao clube de surdos ela e sua amiga que também tinha um filho surdo se surpreenderam com o ambiente alegre e descontraído onde as pessoas se comunicavam através da língua de sinais. Percebeu então que esse era o caminho para seu filho não se sentir um “alienígena” e matriculou-o numa nova escola que fazia uso dessa língua e de outras peculiaridades da cultura surda. Então, Jonas pode desenvolver o pertencimento e a identidade a que tanto desejava que só foi possível com o domínio e o uso da Língua de Sinais- LIBRAS.

2 comentários:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Neuza pensando nos dias atuais, que não são muito diferentes do passado, quando pensamos em preconceito, qual o papel da família e da escola para que a inclusão aconteça de fato? Abraços querida...

Neuza Terezinha da Rocha disse...

Primeiro lugar para que a inclusão de fato aconteça a famíli e a escola precisam trabalhar juntas. A família fazendo a sua parte, ou seja, procurando atender as solicitações da escola quando seus filhs são encaminhados para algum especialista a fim de realizar um diagnóstico mais preciso ou quando são encaminhados para o profissional adequado.
Mas a escola também precisa fazer a sua parte que vai muito além de receber esses alunos ela precisa oferecer condições necessárias e adequadas ao seu desenvolvimento . No caso específico das crianças surdas precisa ter um profissional que domine a língua de sinais para poder ensinar a criança e também aos próprios colegas dessa criança de maneira que o diálogo, a interação e também as aprendizagens possam acontecer.

Bjs Neuza