domingo, 14 de junho de 2009

O menino Peter x juízo de valores e moralidade na escola


Esta semana tivemos aula presencial de Educação de crianças com necessidades educacionais especiais.
Inicialmente foram feitas as combinações de praxe a respeito da funcionalidade da interdisciplina e sobre o Estudo de caso. Em seguida, assistimos o filme Peter que nos fala de um menino autista incluindo numa sala de aula regular. É óbvio que filme terminou num final feliz e também nos levou algumas reflexões
De início Peter parecia agressivo. Vale lembrar que no início uma coleguinha lia as atividades para que ele as pudesse realizar, pois tinha bastante dificuldade visual e por conta disso, nunca tirava os óculos que teimavam em resistir a todos os ataques e permanecer no seu lugar. Em nenhum momento Peter se desvencilhou do mesmo , provando que er um menino esperto e astuto e que teria cndições de aprender.No início Nem a professora e nem seus colegas acreditavam no seu potencial cognitivo, istoé, que pudesse evoluir. Pasmem aparece uma cena em que Peter, do seu modo, deitado no chão par se aproximar do cartaz lê e câmara foca bem e mostra que ele realmente lê, palavra por palavra, para não deixar dúvidas.a aula era um caos e até a própria professora demonstrava ter medo do menino. Aos poucos foi dominando seu medo e com o auxílio de uma psicóloga que orientou a turma para se manifestar sempre que Peter tivesse uma atitude inadequada, principalmente quando batia e agredia seus companheiros.Com a intervenção da Psicóloga a inclusão realmente começou a acontecer e no final do ano Peter recebeu o diploma de destaque, junto com alguns poucos.No final, todos estávamos emocionados, também não é prá menos. Em seguida fomos tomr nosso café colonial que já havíamos combinado na aula anterior. Estava ótimo. Uma fartura!!!Depois retornamos para discutirmos o filme e também a nossa realidade, às vezes, bastante distante da do filme e nem seempre com um final feliza. Mas deu para perceber que é possível trabalhar com esses casos mais difíceis e que muitas das minhas colegas já conseguiram que a inclusão acontecesse ao vivo e as cores.Eu, particularmente achei o Peter bastante agressivo e comentei suas atitudes e que tinha dificuldade em trabalhar com essa agressividade na sala de aula

A professora Daneila me levou a ver que essas brincadeiras, os puxões, os tapas são comuns e que fazem parte da rotina escolar e do convívio entre os pequenos e que nessesmomentos não cabem julgamentos, punições ou humilhações. O importante é cada um explicar seu comortamente diante da situção apresentada.

O trabalho da Interdisciplina de Psiccologia abordava justamente esse assunto e a formação de juízos de valores e da moralidade na escola e que valeu uma boa reflexão emudança de atitude, por isso, vou colacá-lo na íntegra:
_ Será que quando age dessa ou daquela forma não está querendo com isso criar os seus próprios critérios no processo de construção da moralidade.Ainda nas séries iniciais já começam essas primeiras manifestações e atitudes do aluno que passam a ser vistas e observadas pela professora sob ao prisma da problemática da violência. É óbvio que essa problemática pode ser vista e analisa sob as mais diferentes óticas, basta nos reportar ao filósofo Kant que argumenta ser o homem dotado de uma selvageria inata que precisa ser disciplinada desde a mais tenra idade, inicialmente pelos pais e mais tarde de forma formal a partir da Educação Infantil. Não quer dizer com isso que concorde com suas idéias.
Inicialmente não era diferente da maioria de minhas colegas da rede pública estadual via essas atitudes dentro de uma concepção empirista, acreditando que tais atitudes eram reflexos do meio ambiente em que viviam e conviviam na Vila Cruzeiro, que é tida com ma das mais violentas da nossa cidade. Dessa maneira reproduziam esse modelo de violência a que estavam acostumados.
Esta crença está ligada a uma concepção de que o ambiente imprime na pessoa o modo de ser e de se comportar é uma concepção empirista, acreditando que há uma pressão das coisas sobre o espírito e considerando a experiência como algo que se impõe por si mesmo, não havendo necessidade de atividade do sujeito (Piaget, 1987).
Há também os acreditam que seus alunos são violentos porque são filhos de pai violentos e que essa violência já está programada na sua bagagem hereditária, não havendo possibilidades de mudança.
Essa seria uma concepção inatista, que considera que o conhecimento é concebido como algo que mergulha suas raízes no sistema nervos, isto é, na estrutura pré-formada do organismo (Piaget).
Desde o primeiro semestre quando estudei os mecanismos de defesa já comecei a ver com outros olhos essas atitudes tão comuns em nossos alunos das séries iniciais, ou seja, os empurrões, os pontapés, os socos e seus revides imediatos; já deixei de classificá-los de violentos e tentar ver, por exemplo, que mecanismos de defesa estavam usando quando tomavam tais atitudes ou reagiam dessa ou daquela forma. Por exemplo, o mecanismo de projeção muito comum quando o aluno é flagrado riscando a classe e que ao invés de se desculpar, justiça sua atitude dizendo que todo mundo Esse foi um começo que já me ajudou bastante numa percepção diferenciada nos conflitos vividos pela criança em confronto com seus pares, às vezes, em situações e estágios bem diferentes dos seus. Entram em jogo aí os costumes vindos da família e outras situações divergentes que devem ser negociadas para a construção da sua própria identidade em função e de um convívio amistoso com o seu grupo.À medida que fui avançando em meus estudos e fui conhecendo um pouco mais sobre o construtivismo de Piaget e fui entendendo que a educação deve ser um processo de construção do conhecimento que ocorre em condições de complementaridade, de um lado os alunos e o professor e de outro lado as interações sociais. Portanto, no período que corresponde às séries iniciais, entre 7 e 10 anos as crianças estão construindo as suas noções de justiça, solidariedade e responsabilidade que se refletem em suas atitudes, muitas vezes ma interpretadas pelo professor. Vale então, dizer que o professor deve estar bem atento a esses tipos de situações e conduzi-las a reflexão das mesmas.
Piaget (1994) observou que, até em torno dos dez anos os atos são avaliados segundo seus resultados, independente das intenções, daí a reação imediatista que caracterizam a relações entre nossos alunos incapazes de perceber a intencionalidade ou não da ação de seu companheiro, conseguindo pensar apenas a partir do seu ponto de vista o que também representa segundo Piaget, características do processo de desenvolvimento moral.Existem estratégias que podem e devem ser utilizadas para auxiliar no processo de formação.
O estímulo ao trabalho em grupo que promovem as relações sociais e o espírito de cooperação.
Os jogos em grupo ou duplas com suas regras que devem ser obedecidas, embora muitos ainda nessa fase as burlem.
As regras e combinações feitas a colaboração e participação de todos, visando um melhor entrosamento e funcionalidade da sala de aula.
Na minha turma desse ano, 2º do Ensino Fundamental de 9 anos, essas atitudes descritas acima fazem parte do seu dia-a-dia. Porém, um de meus alunos o Ryan.já entrou na turma com a fama de “desordeiro”, “bagunceiro”foi designado para a turma da professora Neuza porque ela resolve esses “problemas”. É um menino diagnosticado com hiperatividade e que tem como uma das características não parar quieta mesmo quando está trabalhando em grupo. Vez por outra, passa, dá um tapa no colega que está compenetrado na resolução de suas tarefas. E não entende as queixas numerosas de seus colegas em relação as suas atitudes.
Tem dificuldade em obedecer às combinações as quais ele próprio ajudou a construir juntamente com os demais, sendo que as mesmas são revistas e comentadas pelas próprias crianças que decidem sobre a necessidade de modificá-las ou adaptá-las ou até criar novas em função de que algumas já foram vencidas e superadas.
Já tentei conversar com seus pais que dizem que ele é perseguido pelos colegas e pelos professores, pois nem sempre as atitudes são tomadas por ele e que, porém “a culpa” sempre recai sobre ele. Também recebe punição severa de seus pais, toda vez que um coleguinha vai reclamar de suas atitudes, pois moram muito próximos uns dos outros.
Ás vezes, quando é rejeitado pelos colegas em função de suas atitudes tento me aproximar e iniciar com ele algum jogo, principalmente o “baralho de sentimentos” que foi confeccionado pela turma que fala de como estão se sentindo no momento frente às atitudes e reações de seus colegas.Em seguida, alguém se aproxima e passa a jogar junto o que não garante que a paz vá reinar por muito tempo, pois talvez daqui alguns minutos já estejam se retrucando e se batendo mediante os desentendimentos surgidos, pois situações como essas são comuns acontecerem a na escola não necessitando de uma intervenção coercitiva por parte do professor. Durante os jogos os alunos se conhecem melhor e aprendem mais a respeito dos colegas. Ás vezes durante a brincadeira a garotada traz para a discussão conflitos que acontecem fora da sala de aula, A disputa por uma figurinha na hora do intervalo, por exemplo, pode render uma conversa na hora do jogo. Nesses momentos não cabem julgamentos, punições ou humilhações. O importante é cada um explicar seu comportamento diante de uma situação apresentada. Espero que assim que não só Ryan, mas também seus demais colegas apliquem as estratégias já adquiridas em situações diferentes daquelas em que se processaram e aos poucos vão construindo seu juízo de valores.
Piaget (1994) acredita que “...o adulto seve ser um colaborador e não um mestre, do duplo ponto de vista moral e racional (...) realizemos na escola um meio tal que a experimentação individual e a reflexão em comum se chamem uma à outra e se equilibrem”(p. 300).

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