Assisti ao filme “A Língua das Mariposas”. O filme acontece na Espanha, não sei precisar bem a época, mas as salas, os cartazes, as portas, as “pastas” onde os meninos carregavam seus materiais, o uniforme: calças curtas com suspensório; uma classe composta só por meninos, remonta a algumas décadas atrás.Apesar das aulas de “História Natural” acontecerem no bosque, próximo à escola e apresentar um vasto campo a ser explorado, tanto pelo professor como pelos alunos, não acontecia aprendizagem porque o professor não se preocupava com os conhecimentos anteriores do aluno e não os instigava a construir suas aprendizagens.O professor se limitava a fornecer informações, a dar respostas prontas. Afirmava, por exemplo que as mariposas tinham a língua em forma de espiral e apenas se limitou a desenhar, com mãos trêmulas no quadro, uma espiral que não chamou a atenção dos alunos e nem despertou interesse, pois aquele simples desenho não significava nada para eles daquela forma isolada como foi apresentada, mas dentro de todo um contexto poderia ser algo instigante , emocionante que poderia levar o professor e seus alunos a inúmeras descobertas e a construírem e ampliarem juntos os seus conhecimentos e “saberes”.Antes de partirem para o bosque os alunos orientados pelo professor deveriam ter feito uma pesquisa com embasamento científico: ( espécies, variedades, reprodução, porque as mariposas têm a língua desta forma, etc) e só então, partir para a comprovação e experimentação desses fatos levantados e estudados, inclusive com a coleta de espécies para serem mais e melhores exploradas em laboratório, isso sem esquecer a quantidade imensa de outros animais que poderiam ser estudados. ( Que material rico tinha este professor em suas mãos e que não soube explorar).Tardif em “saberes, tempo e aprendizagem do trabalho do magistério refere-se que o tempo e a prática são grandes aliados do professor, na medida em que trabalhar remete a dominar progressivamente os saberes necessários a realização do trabalho.Mas, é importante salientar que só a prática e boa vontade não são suficientes. O professor necessita se atualizar, aprender novas técnicas e novas teorias, novos embasamentos científicos para poder aliar à sua prática docente e também não esquecer que a troca entre os pares, a integração entre os colegas são essenciais e imprescindíveis na prática educativa.Pobre professor velho e pobre velho professor vivia isolado numa comunidade onde nada disso era passível de acontecer!!! Por isso, não aconteceu aprendizagens não sequer interação aluno-professor, pois se isso tivesse ocorrido, seu pupilo preferido, o menino Moncho, não teria sido o primeiro a apedrejá-lo quando foi condenado por suas idéias comunistas. O filme terminou de uma maneira muito trágica e triste e, não poderia ter sido diferente, num contexto onde não havia um diálogo entre o professor e os alunos, embora o professor tentasse e a cada tentativa frustrada dava de ombros, se calava e não conseguia sequer agregar seus alunos e descortinar o fantástico mundo de aventuras que todo aquele meio e que toda aquela realidade abarcava em suas entranhas.Segundo Paulo Freire despertar o desejo intrínsico que toda criança tem de aprender são imprescindíveis e decisivos na formação de indvíduos livres e pensantes, portanto, capazes de reivindicar seus direitos e seus deveres.
Tutor Renato, você sempre nos questionando, acho uma boa a sua iniciativa, pois até agora não tive com quem interagir, você é o primeiro.Que bom se tivesse um bosque onde pudesse interargir com meus alunos!!!Muito obigado pelo esclarecimento quanto a épocaem que aconteceu o filme, isso representa a minha falta de cultura, se não saberia a época em que o filme acontecia e a qual guerra se referia.Percebi uma falta total e interesse dos alunos que deram de ombros quando o professor mencionou que se aproximava a primavera e que entã passariam a ter as aulas de História Natural no bosque. Observando esta atitude dos alunos sugeri que então o professor deveria primeiro instigar seus alunos, despertar interesse peloa assuntoo e pensei que uma maneira para isso, seria antes fazer uma pesquisa mais científica sobre as mariposas. Além disso, quem disse que os alunos se interssariam pela mariposa, quando existe uma variedade imensa de outros insetos no bosque? Neste sentido vejo um professor que não estava preocupado com os conhecimentos adquiridos anteriromente por seus alunos, que possivelmente, não desconheciam a existência do bosque.A demais me deu a impressão que os alunos corriam feitos moscas tontas das mariposas para os formigueiros estonteados durante toda aquela exuberância da natureza. Acho que a visita ao bosque deveria te sido programada anteiormente pelo professor. Talvez eu ainda esteja falando uma coisa e agindo totalmene diferente, mas acho que o professor deve ser o orientador , o fio condutor de qualquer atividade para que a aprendizagem seja efetivada.Quanto a interpretação do filme acho perfeitamente normal que as pessoas divergiam em opiniões, o filme não é diferente de uma obra de arte e cada um a interpreta de sua maneira, de acordo com sua experiências e vivências e com seus conhecimentos anteriores.
08/11/2007 22:49:03
Continuando, acho que na aula não havia apenas um único alunos, mas vários outros e o Moncho era um aluno que gostava de ler, a leitura fazia parte da sua vida, mas e os outros alunos, qual era a realidade desses alunos? O professor também presenteava os outros alunos com livros?Eu tive impressão que nem o próprio Moncho se interessava pela língua das mariposas, pois bem no momento em que o professor iria lhe mostrar a forma da língua da mariposa, ele saiu correndo, atraído pela voz de seus colegas e também pelo seu interesse na menina, irmã de seu colega e que o professor se limitou a balançar a cabeça e soltar a mariposa.E acho que no final do filme quando Mocho apedrejava o professor ele não o chamou pelo nome cient´fico da l´ngua da mariposa, mas sim pelo nome do pássaro ou animal que quando estava apaixonada presenteava a fêmea com orquídeas, tanto que quando o Moncho correu para o lago onde se banhava seus colegas o professor apanhou uma flor, uma espécie de margarida para que Moncho presenteasse sua colega e ele exitou, pois não seria esta a flor, mas encorajado pelo professor ofertou o mimo à menina.Me senti literalmente apedrejada na pessoa do professor, talvez seja em função do momento que vivemos na escola e o que ouvimos dos pais em frente ao portão:-Essas professoras são todas umas irresponsáveis.Parece que se tivessem uma oportunidade semelhante não exitariam em nos apedrejar, pais e alunos.Desculpem o deabafo, mas é assim que me sinto no momento.
09/11/2007 03:21:31
Neuza,Parabéns pela sua argumentação, vejo que tem razão em vários aspectos. Gostaria muito que o fórum continuasse neste ritmo que você empreendeu. Vou fazer um pequeno comentário, mas não muito, porque quero que os outros também se manifestem. Eu não compreendi quando você disse que se sentiu apedrejada, por mim ou pelos pais? Se foi por mim, desculpe, não foi minha intenção. Confesso que quando assisti o filme, no final, fiquei um tanto indignado com o comportamento da população, prova que o filme mexeu muito comigo. Porque aquela atitude da população, de não só escolher o silencio diante do fascismo, como negar as pessoas mais próximas para salvar a pele, me deixa mexido, porque na história está cheio desse tipo de comportamento. É a metáfora de Pedro que negou Jesus para se safar. Mas não sei se é o caso de falar sobre isso aqui, acho que está muito relacionado a valores, e discutir isto aqui poderá desvirtuar o fórum.A riqueza de detalhes com as quais descreveu a passagem me convenceram a assistir o filme novamente, talvez muitas coisas tenham me passado. Neuza, o filme se passa na segunda metade da década de 30, muito provavelmente em 1936. Lembre-se que no final ele é preso pelas tropas nacionalistas, foi o início da guerra civil espanhola. Vou sair em defesa do professor e fazer uma provocação. Quando você diz \"Antes de partirem para o bosque os alunos orientados pelo professor deveriam ter feito uma pesquisa com embasamento científico\", fiquei me perguntando, por que? Por que não poderia ser diferente? Por que explicar ciências no bosque não poderia ser um bom método? Tive a impressão de que o professor andava com seus alunos e os observava, tentava ver o que chamava a atenção de seus alunos no mundo real. Além disso, a ciência nasce do real, não o real da ciência, portanto, nada melhor que observar a natureza para depois refletir sobre ela. Tive a impressão de que ele conseguia despertar o interesse de Mocho, deu inclusive um livro ao qual a criança se interessou. É um ponto de vista, gostaria de saber se concorda.Também tive uma interpretação bem diferente da sua no final do filme. Meu entendimento foi que o filme retrata uma face cruel do ser humano, mostra que a sociedade é capaz de trair seus valores diante do medo. O filme mostrou toda a metamorfose e toda ambigüidade do ser humano nos pais de Mocho, passando pelo medo, pela vergonha e pela encenação da raiva. Mocho é o retrato da injustiça da humanidade, ou, da desumanidade criada pelos seus próprios pais, mas que de forma inconsciente reconhece o valor daquele professor quando o chama pelo nome científico da tromba da mariposa. Isto é a prova de que ele aprendeu algo, e a metáfora de seus próprios pais, que “apedrejaram” alguém que fez de sua vida uma luta pela educação, inclusive de seus próprios filhos. Essa foi a minha interpretação, gostaria de saber a dos demais também. Parabéns, Neuza, pelas suas contribuições, estão ótimas.
Pela primeira vez, transcrevi toda as postagens feitas no fórum, bem como as argumentações do tutor Renato para que se torne compreensível para todos os que possam vir a ler os comentáriosCconforme previ a semana passada o filme A língua das mariposas foi instigante e rendeu muitas reflexões, enriquecidas pela colaboração do tutor Renato a quem gostaria de deixar registrado o meu reconhecimento e meu agradecimento pelas suas preciosas intervenções não só nesta atividade, mas em todas as demais.
domingo, 11 de novembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário