Esta semana passamos eu, e meu grupo A'normais, Mara, Marília, Neila, envolvidas nas pesquisas, gráficos e levantamentos para construirmos um Poster sobre EJA e sensibilizada me prontifiquei a escrever um síntese sobre o que havíamos construído até então que provavelmente algumas dessas falas irão aparecer na versão final, logicamente, enriquecidas, costuradas, alinhavadas com as idéias e conclusões das demais colegas, pois afinal aprendemos na interação e nas trocas umas com as outras.
Aí vai o que escrevi:
Não há um consenso quanto ao início da EJA – Educação de Jovens no Brasil. Acredita-se que essa prática tenha iniciado no Brasil nos idos de sua colonização quando da chegada da Cia de Jesus, em 1549, através da evangelização e catequização dos índios.
Para pensar e situar a EJA nos dias atuais é necessário nos remeter a Educação de Adultos – EDA- relegada ao um segundo plano no âmbito das políticas públicas voltadas aos excluídos no campo econômico, social e político-cultural da sociedade brasileira bem como nos aponta Comerlato (1998).
Falar em EJA nos remete pensar em uma dívida social que carece de reparo por políticas inclusivas, equalizadoras e qualificadoras. Visto sob essa perspectiva, a EJA representa o resgate de uma dívida social com aqueles que não tiveram acesso e nem domínio da leitura e da escrita, na escola ou fora dela numa sociedade que se diz altamente letrada.
Muitos foram os momentos marcantes e as tentativas de erradicar o analfabetismo de nosso país e que foram abortadas por uma elite “politiqueira” que não vê interesse no empoderamento que a alfabetização representa para aqueles sujeitos que vivem à margem da sociedade e que na sua maioria representa a força bruta de trabalho.
Surge, porém nos anos de 1960 a figura de Paulo Freire cuja sensibilidade permitiu perceber quão ingênuas e distantes do interesse de jovens e adultos que chegavam cansados de um dia de trabalho ou de um dia sem trabalho se encontravam as cartilhas de alfabetização. E através dos “temas geradores” inovou a alfabetização não apenas como leitura de texto, mas, sobretudo, como uma leitura de contexto , possibilitando ao aluno que juntamente com a descoberta do código de leitura e escrita fosse ao mesmo tempo relendo e reescrevendo de forma crítica e dialógica o mundo no qual vive, gravita, age e reage, cria e procria.
Falamos de re (leitura) e de re (escrita) de mundo, pois a primeira leitura e escrita foi forjada, na sua infância, no manuseio da pá e da enxada nas lidas rurais auxiliando seus pais, ou quando adulto colocando tijolo sobre tijolo na construção de uma vida marcada pelo sofrimento, descriminação e humilhação. Sim porque ser analfabeto é estigma de ignorante, de indolente de preguiçoso e até quem sabe de presunçoso.
A EJA simboliza o resgate de uma dívida social com aqueles que não tiveram acesso ou domínio da leitura e da escrita.
Nesta busca o que o professor de EJA deve investigar não os homens, mas o seu pensamento-linguagem e os seus níveis de percepção sobre a realidade que os cerca de maneira a questioná-la e conhecê-la sobre diferentes ângulos e perspectivas de modo a (re) estruturá-las (re) significá-las no encontro de soluções no constructo de uma sociedade mais igualitária e mais solidária.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SANT’ANNA, Sita Mara Lopes. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, Uma perspectiva histórica.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagens. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.
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3 comentários:
Neuza o texto ficou muito bom, diz muito em poucas palavras. Resultado de um trabalho em equipe! Parabéns
Obrigada, tutora Patrícia
Obrigada, tutora Patrícia
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