domingo, 15 de novembro de 2009

EJA como resgate de uma dívida social

Esta semana passamos eu, e meu grupo A'normais, Mara, Marília, Neila, envolvidas nas pesquisas, gráficos e levantamentos para construirmos um Poster sobre EJA e sensibilizada me prontifiquei a escrever um síntese sobre o que havíamos construído até então que provavelmente algumas dessas falas irão aparecer na versão final, logicamente, enriquecidas, costuradas, alinhavadas com as idéias e conclusões das demais colegas, pois afinal aprendemos na interação e nas trocas umas com as outras.
Aí vai o que escrevi:

Não há um consenso quanto ao início da EJA – Educação de Jovens no Brasil. Acredita-se que essa prática tenha iniciado no Brasil nos idos de sua colonização quando da chegada da Cia de Jesus, em 1549, através da evangelização e catequização dos índios.
Para pensar e situar a EJA nos dias atuais é necessário nos remeter a Educação de Adultos – EDA- relegada ao um segundo plano no âmbito das políticas públicas voltadas aos excluídos no campo econômico, social e político-cultural da sociedade brasileira bem como nos aponta Comerlato (1998).
Falar em EJA nos remete pensar em uma dívida social que carece de reparo por políticas inclusivas, equalizadoras e qualificadoras. Visto sob essa perspectiva, a EJA representa o resgate de uma dívida social com aqueles que não tiveram acesso e nem domínio da leitura e da escrita, na escola ou fora dela numa sociedade que se diz altamente letrada.
Muitos foram os momentos marcantes e as tentativas de erradicar o analfabetismo de nosso país e que foram abortadas por uma elite “politiqueira” que não vê interesse no empoderamento que a alfabetização representa para aqueles sujeitos que vivem à margem da sociedade e que na sua maioria representa a força bruta de trabalho.
Surge, porém nos anos de 1960 a figura de Paulo Freire cuja sensibilidade permitiu perceber quão ingênuas e distantes do interesse de jovens e adultos que chegavam cansados de um dia de trabalho ou de um dia sem trabalho se encontravam as cartilhas de alfabetização. E através dos “temas geradores” inovou a alfabetização não apenas como leitura de texto, mas, sobretudo, como uma leitura de contexto , possibilitando ao aluno que juntamente com a descoberta do código de leitura e escrita fosse ao mesmo tempo relendo e reescrevendo de forma crítica e dialógica o mundo no qual vive, gravita, age e reage, cria e procria.
Falamos de re (leitura) e de re (escrita) de mundo, pois a primeira leitura e escrita foi forjada, na sua infância, no manuseio da pá e da enxada nas lidas rurais auxiliando seus pais, ou quando adulto colocando tijolo sobre tijolo na construção de uma vida marcada pelo sofrimento, descriminação e humilhação. Sim porque ser analfabeto é estigma de ignorante, de indolente de preguiçoso e até quem sabe de presunçoso.
A EJA simboliza o resgate de uma dívida social com aqueles que não tiveram acesso ou domínio da leitura e da escrita.
Nesta busca o que o professor de EJA deve investigar não os homens, mas o seu pensamento-linguagem e os seus níveis de percepção sobre a realidade que os cerca de maneira a questioná-la e conhecê-la sobre diferentes ângulos e perspectivas de modo a (re) estruturá-las (re) significá-las no encontro de soluções no constructo de uma sociedade mais igualitária e mais solidária.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SANT’ANNA, Sita Mara Lopes. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, Uma perspectiva histórica.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagens. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73.

3 comentários:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Neuza o texto ficou muito bom, diz muito em poucas palavras. Resultado de um trabalho em equipe! Parabéns

Neuza Terezinha da Rocha disse...

Obrigada, tutora Patrícia

Neuza Terezinha da Rocha disse...

Obrigada, tutora Patrícia