domingo, 16 de maio de 2010

AFRICANIDADE


Durante a semana trabalhei novamente com lendas, porém dessa vez de origem africanas. O Kirikou e a Lenda do Negrinho do Pastoreio, que eu diria meio cristã e meio africana.
O filme mostra um menino ágil, esperto, prestativo, capaz de com suas atitudes salvar o povo da sua aldeia das catástrofes impostas pela feiticeira. Por se tratar de um personagem negro com certeza contribuiu para a valorização dos alunos negros e pardos de minha turma. Pois, a discriminação e o racismo se fazem presentes também no espaço escolar, contribuindo, muitas vezes para os estigmas e jargões tão conhecidos por nós que acabam por provocar repetências e, por vezes, a evasão desses alunos.

“A reprodução do racismo na escola é um dos temas mais relevantes da agenda dos movimentos sociais negros, em todo o país. Não sem razão, evidentemente. Por trás das altas taxas de infrequência, repetência e evasão escolar verificadas entre as crianças negras, existe um denominador comum: a estigmatização e a desqualificação delas em razão do racismo. (MOREIRA, 1997, p.102).


A lenda do Negrinho do Pastoreio revela os maus tratos recebidos também pelo menino negro que lhe são impostos pelo seu patrão um estancieiro. Na história, apesar e não conseguir lograr o intento de arrebanhar o cavalo baio fugido da manada, o menino, tenta, de todas as maneiras, resgatá-lo. Sofre castigos físicos, porém a “fada madrinha” na figura de Nossa Senhora, devido ao cunho cristão da lenda, cura o por milagre de suas chagas e o dá-lhe o poder de encontrar objetos perdidos.
É latente que a linguagem simbólica dos contos de fadas e, eu diria também das lendas tem a ver com os desejos, medos e anseios do ser humano e, em específico das crianças, independente de época, classe social e nacionalidade. Daí seu imenso valor psicanalítico já que constituem uma forma acessível e barata para que “as crianças e as pessoas simples pudessem elaborar simbolicamente suas ansiedades, angústias e seus conflitos íntimos” – como muito bem demonstra Bruno Betteim em A Psicanálise dos Contos.
A contação de histórias por toda a temática do bem e do mal, para onde vamos e como lidar com nossos medos que são questões universais e que se repetem de geração em geração, nos conectam com o mundo em que vivemos.
Através das histórias, as pessoas tentam entender sua vida, e encontrar lógica e sentido para sua trajetória neste mundo, tão cheio de incertezas e inseguranças. Assim, as histórias infantis garantem esperanças em dias melhores e confiança no futuro, favorecendo a auto-estima.

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Oi querida, suas postagens estão ótimas, é isso que esperamos de vocês, alunas em conclusão de curso! Meus Parabéns! =)

Abraços

Patrícia