domingo, 22 de agosto de 2010

Estágio x TCC


Construir uma MASCOTE com a turma foi uma experiência inédita, tanto para os alunos como para a professora estagiária.
Tudo começou com a leitura feita pela professora aos alunos da turma 122, do livro a “Centopéia que pensava” de autoria de Herbert de Souza, Betinho, com ilustrações de Bia Salgueiro.
Através da leitura, tive como intenção promover a integração e a socialização dos alunos e usá-la também como suporte e aporte para o desenvolvimento de atividades características do início do ano letivo tais como: Construção do Calendário, lista com nome de aniversariantes, etc.
Porém, surpresa, mediante o interesse dos alunos em relação às "peripécias" do personagem, pois muitos alunos na "Hora do Conto" pediram para levar o livro para casa para ler novamente. Sugeriu, então que construíssem sua própria Centopéia que durante a semana os acompanharia nas diversas atividades desenvolvidas em sala de aula, no Laboratório de Informática e que no final de semana iria passear nas suas casas e que deveria retornar com relatos dos acontecimentos sobre a “visita” e com adereços (olhos, cabelos, pés) que deveriam ser acrescentados com auxílio dos familiares.
Eis que para seu espanto um ser inanimado, cria vida entre as crianças e gera toda uma emoção e comoção em torno de sua figura. São manifestados os mais variados sentimentos por parte dos alunos tais como:
-“Hoje, a Centopéia dormiu comigo e caiu da cama”.
-“Sentou na cadeira ao lado enquanto fazia minhas lições”
- “Ela me olhava enquanto tomava banho”.
-“Enquanto esperávamos o jantar, eu e a Centopéia, a gente sentia o cheirinho de comida!”
- “Onde está a Centopéia?”
-“Já estou com saudade dela!”
É claro, que a professora não ficou imune a todo esse clima e clímax e, às vezes, se surpreendia a tratá-la como “se viva fosse”. Meu Deus, que maluquice é essa! Esses sentimentos são permitidos a adultos também?

A princípio, não entendi a aprovação imediata por parte do professor Eliseo quando falei nesta idéia. Com certeza com sua experiência e formação compreendeu de imediato todas as implicações e riquezas que poderiam dela advir.
A Centopéia foi mote de unidade de todas as temáticas trabalhadas e desenvolvidas durante o período de estágio, contribui para o processo de aprendizagem, letramento e alfabetização dos alunos, pois seguia acompanhada de um caderno onde as crianças deveriam registrar seus relatos e fazer a leitura dos mesmos para seus colegas. Contribui para manter a turma animada e motivada durante o desenrolar das atividades diárias, foi fator de grande representatividade na integração das famílias que foram solícitas com seus filhos ajudando-os na tarefa de agregar os adereços que estavam faltando na mesma ( cabelos, olhos, pés) e, sobretudo, alimentou a imaginação e a fantasia do mundo infantil!

Conforme o relato acima é possível abordar a representatividade da Mascote sobre vários aspectos. Entretanto, entendo o TCC como o relato e análise de uma experiência vivida durante o estágio para o qual terei que buscar em autores balizados respostas para minhas dúvidas e incertezas, tornando-a clara à luz de teorias e aportes científicos. No momento me sinto meio “atordoada”, sem entender muito todo esse clima afetivo gerado em torno da personagem. Por isso, pretendo direcionar o meu TCC sobre os aspectos de afetividade trabalhados em torno da mascote (centopéia).

Embora já tenha me debruçado sobre as leituras dos Eixos I, II e III, no momento me ocorre citar Maturana, trabalhado em semestres mais recentes, segundo o qual “ao viver, fluímos de um domínio de ações a outro, num contínuo emocionar que se entrelaça com nosso linguagear". ( MATURANA; ZÖLLER, 2004, p.9)