segunda-feira, 15 de novembro de 2010


É segunda-feira, feriado. Uma sensação de languidez paira no ar. Em mim há sentimentos de contrariedade. Um sentimento de dever cumprido por ter terminado o TCC com sucesso e tranqüilidade (não sem grande esforço) e ao mesmo tempo um sentimento de obrigação não cumprido por não ter feito minha postagem rigorosamente como venho fazendo no Blog. Mas, em contrapartida passei estes últimos dias cuidando de uma pessoa bastante querida que com tanto carinho e atenção também já dedicou a mim. Estou bastante emocionada e fragilizada, talvez até devido ao este tempo bastante especial quando já temos que pensar em mais uma apresentação oral e ao mesmo tempo já podemos sentir nossa mão tocando no diploma.
Foram anos de muita aprendizagem de forma interativa de uma maneira um pouco diferenciada, ou seja, através de um curso na modalidade a distância. Escrever um TCC sem dúvida foi mais uma novidade e uma oportunidade de grande aprendizagem. Tudo que escrevemos deve ter um embasamento teórico e finalmente quando chegamos à conclusão podemos escrever de uma forma mais livre, no entanto, sem “fugirmos” do tema e dos objetivos propostos e das idéias e argumentos desenvolvidos.
Quando redigimos um texto acadêmico para uma conferência ou para uma cerimônia usamos uma linguagem mais formal e escrevemos de forma mais planejada e cuidadosa. No entanto, quando escrevemos um bilhete ou nos comunicamos através de telefonema ou de MSN, geralmente, não temos essa preocupação.
Vivemos numa sociedade globalizada onde as notícias, as informações e o conhecimento se dão quase que instantaneamente e esses novos desafios precisam ser pensados e incorporados dentro da nossa realidade da sala de aula de forma a dar conta dessas novas formas de oralidade, escrita e leitura delas advindas, porém, sem deixar de acreditar que as relações interpessoais e os textos de papel deixarão de existir.
Sendo assim, o fato de preconizar o lúdico na minha prática pedagógica, através da estratégia de um boneco não foi empecilho para que desenvolvesse um Projeto de Aprendizagem com os alunos que se concretizou através do uso da tecnologia. Precisamos saber conciliar e explorar os vários recursos de que dispomos, tendo o cuidado de não cairmos em extremismos. Tanto o tradicional caderno como a tela de vídeo foram aliados no processo de letramento e alfabetização dos alunos, um complementando e enriquecendo o outro, em prol de uma educação de qualidade.

DALLAZAN, Trindade. A leitura, a escrita e oralidade como artefatos culturais.
Texto extraído da Interdisciplina de Linguagem e Educação B. Eixo VII

domingo, 7 de novembro de 2010

COMENTANDO O TCC


5. Conclusões


Os professores devem pensar em práticas pedagógicas que desmistifiquem a idéia de que sejam os “donos do saber” e favoreçam-lhes assumir o legítimo lugar que lhes cabe nos dias de hoje, ou seja, o de mediador e condutor do processo ensino/aprendizagem, numa relação dialógica e horizontal entre seus alunos.
Cabe a eles, portanto, tomar a iniciativa de agregar, de recriar e reinventar estratégias pedagógicas que “quebrem” a mesmice de atividades pontuadas pela repetição do fazer pelo fazer com o intuito de levar o aluno a repetição de exercícios que privilegiam unicamente a memorização de conteúdos sem nenhuma significação e eqüidistantes da realidade e os interesses dos alunos.
Atualmente, o professor está submetido a uma agenda apertada imposta por uma escola representativa de um modelo econômico/político/social capitalista para o qual o mais importante são os fins e não os meios. Temos um modelo educacional que se diz inclusivo, mas que na verdade é excludente e discriminatório em que o aluno é avaliado por um coeficiente numérico e não pela sua capacidade de pensar, refletir, recriar e tomar decisões e iniciativas. Enfim, ser um sujeito de direito e de fato e como tal possa agir e participar na sociedade.
O educador atual precisa pensar, agir e planejar em consonância com a pluralidade e diversidade de modo a privilegiar a singularidade, isto é, ele precisa administrar a rotina da sala de aula de modo a contemplar os diversos recursos pedagógicos, possibilitando que todos tenham a oportunidade de expressar o seu modo particular de aprender e manifestar o seu saber.
Claro que não só o educador é responsável pelo modelo de escola e de educação vigente, muito menos ele é o único responsável pela organização dos tempos e espaços e tão pouco deveria ser o único responsável pelo desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Todo o esforço da equipe diretiva, do setor pedagógico e demais segmentos deveriam convergir para que isto sucedesse. No mínimo, o professor necessita se sentir apoiado para privilegiar na sala de aula uma educação plena, ampla que permita ao aluno a oportunidade de desenvolver e manifestar sua plenitude como ser humano.
Ainda predomina na maioria de nossas escolas um sistema educacional permeado e valorizado por conteúdos onde o fazer predomina sobre o lazer. Onde o lúdico é visto e execrado como “perda de “tempo” não condizente com um modelo arcaico onde alunos sentam-se enfileirados, um atrás do outro, “comportados” e o professor “despeja” conteúdos totalmente desarticulados da realidade e de seus interesses e depois lhes “cobra” na forma de testes e provas que sequer exigem uma dose mínima de raciocínio.
Mesmo que nos esforçássemos não conseguiríamos transformar a criança num ser sorumbático e imóvel; no mínimo na hora do recreio ela “põe” para fora toda a energia e a alegria que lhe é peculiar. Há também os horários de Educação Física que privilegiam os exercícios e as habilidades físicas e motoras. Mas isto é pouco tempo para aqueles que o que mais sabem fazer neste momento de suas vidas é o brincar, o criar, o inventar, o sair da esfera do real para o irreal e vice-versa.
A brincadeira entendida como experiência de cultura não é originária do nada. As crianças são parte de um grupo e como tal são portadoras e reprodutoras do modelo social em que vivem e através da brincadeira expressam este pertencimento. Foi com esta finalidade que resolvemos priorizar o lúdico em nossa sala de aula, pois embora não seja a única solução, há um consenso, entre muitos autores que as práticas pedagógicas lúdicas são balizadoras de uma educação transformadora.
Há muitos autores que falam da importância e contribuição do lúdico nas mais variadas esferas de atuação humana, contribuindo na manutenção da saúde física e mental tanto do adulto quanto da criança. Portanto, não há motivos que se justifique um modelo educacional alienado, na contra mão de algo considerado imanente ao ser humano desde sua mais tenra idade e que se propaga ao longo de sua existência com nuances e características de cada fase, infância, adolescência, e vida adulta.
Também os professores sabem muito sobre o lúdico e compreendem sua importância como fator primordial na tarefa de ensinar/aprendendo, apenas parecem um pouco “aturdidos” com tamanha avalanche de informações e a mercê de uma orientação segura de como vivenciá-lo em sala de aula sem cair na negligência ou em extremismos. Para trabalhar o lúdico o professor precisa também se expor, falar com seus alunos de seus sonhos, perspectivas e frustrações sem medo de ser ridicularizado ou cair na vala comum do sincretismo.
Há a necessidade de investimento por parte da Escola e da instituição governo como o grande responsável para que uma educação gratuita e de qualidade não seja apenas uma miragem ou utopia, mas para que isto se torne uma realidade é necessário também o esforço do professor para que no mínimo mantenha uma relação dialógica e de trocas entre seus pares.
Para que uma educação de qualidade de fato aconteça não é suficiente só a interação na sala de aula, entre alunos e professores e entre alunos é necessário que ela aconteça em todos os setores para que as experiências que deram certo e mesmo aquelas que não deram tão certo seja discutidas, analisadas e “curtidas” por todos.
Os professores precisam ser menos solitários, e mais solidários. Pois com certeza, há muita coisa de bom acontecendo dentro das salas de aula, por iniciativa própria do professor e que muitas vezes não são divulgadas nem sequer junto ao grupo e equipe diretiva. É necessário, pois, uma mudança de postura do professor nesse sentido.
Para Tardif e Raymond:
Em outras palavras, se é verdade que a experiência do trabalho docente exige um
domínio cognitivo e instrumental da função, ela também exige uma socialização na profissão e em uma vivência profissional através das quais se constrói e se experimenta pouco a pouco uma identidade profissional, onde entram em jogo elemento emocionais, relacionais e simbólicos que permitem que um indivíduo se considere e viva como um professor e assuma, assim, subjetivamente e
objetivamente, o fato de fazer carreira no magistério. (TARDIF & RAYMOND, 2000, p.239).

O trabalho aqui apresentado, utilizando uma mascote não foi uma invenção, pois a prática do brincar e, sobretudo, do brincar com “bonecas” é milenar; passada de geração em geração que permite à criança elaborar fatos do seu cotidiano, reelaborar conceitos, fazer ajustes psicológicos e reproduzir ações possíveis no futuro.
Também a introdução do boneco como prática pedagógica a fim de priorizar o lúdico não é algo de extraordinário. Já havia ouvido muitos relatos de colegas sobre a utilização e desenvolvimento desta estratégia pedagógica com seus alunos.
O boneco construído nesta investigação não foi, portanto, uma idéia revolucionária, mas sim um recurso simples, construído pelos próprios alunos em consonância com a professora. Tal atividade os auxiliou e os motivou para a construção do conhecimento de forma leve e prazerosa, evitando o estresse causado por alunos e professores desmotivados e desinteressados em aprender/ensinar.
Com certeza aprendemos uns com os outros, nas trocas de idéias, informações, sentimentos e realidades distintas, nos tornando um pouco mais íntimos, permitindo nos dar a conhecer melhor, através da fantasia, na ponte entre o real e o irreal, fortalecendo a auto-estima e nos permitindo sonhar com um futuro promissor.
O boneco, sem dúvida alguma, também foi o veículo facilitador, o fio condutor na interdisciplinaridade da aprendizagem e no processo do alfabetizar/letrando. Neste ínterim, circularam informações, conhecimento, conceitos, trocas e interações muitas delas descritas, narradas, outras tantas escritas, algumas com certeza não foram anunciadas e denunciadas claramente, ficaram nas entrelinhas... Na troca de olhares... Na cumplicidade e no entendimento, no desencontro, no conflito... No burburinho em meio a risadas e também em momentos mais contritos. Enfim, numa experiência vivida porque quem se dispõe a trabalhar com a ludicidade.
Como enfatizado por Paswel citado por Abramovich (1999, p.24): “Quando uma criança escuta a história que se lhe conta penetra nela simplesmente, como história. Mas existe uma orelha de trás da orelha que conserva a significação do conto e o revela muito mais tarde”.
Portanto, muitas vezes, a história falada, ouvida, lida e escrita fica armazenada no subconsciente, sem nenhum significado no presente, mas que mais tarde pode ressurgir no nosso consciente e nos auxiliar na hora de percorrer ou refazer um percurso ou trajetória de nossas vidas.
Também gostaria de esclarecer que o fato de preconizar o lúdico na minha prática pedagógica não foi empecilho para que desenvolvesse um Projeto de Aprendizagem com os alunos que se concretizou através do uso da tecnologia. Precisamos saber conciliar e explorar os vários recursos de que dispomos, tendo o cuidado de não cairmos em extremismos. Tanto o tradicional caderno como a tela de vídeo foram aliados no processo de letramento e alfabetização dos alunos, um complementando e enriquecendo o outro, em prol de uma educação de qualidade.
Posso afirmar que esta foi uma experiência carregada de emoções e de descobertas que permitiu ressaltar a importância de tais práticas lúdicas na dinâmica das aulas. Com certeza estas atividades podem resultar em alunos mais envolvidos, mais interessados, motivados e integrados no processo de aprendizagem.
Quando trabalhei conceitos sobre identidade o aluno V declarou que aquela aula fora muito boa. Expressões como estas animam e gratificam o professor e lhe dá a certeza que está no caminho certo, motivando-o cada vez mais na busca de novas e instigantes estratégias que contemplem o aprendizado de seus alunos.
Enfatizando as idéias de Luckesi (2005), o brincar é possível, adequado e saudável em qualquer idade e nas diferentes fases da vida e acrescentaria ainda em qualquer circunstância, tempo e espaço desde que nos entreguemos à atividade lúdica em busca de toda a ludicidade que dela advém, sem críticas, sem restrições ou falsos moralismos. Toda experiência lúdica é “suigeneris”, basta que a vivenciemos intensamente nos entregando e participando dela com toda a integridade de nosso ser.
Mesmo com uma agenda apertada, na contramão de uma sociedade divida que ora valoriza as atividades lúdicas, ora as encara como algo desnecessário, supérfluo e até mesmo depreciativo; o professor precisa dar-se ao luxo de “perder” tempo, para ouvir seus alunos, representantes legais e porta vozes dos seus anseios, desejos e necessidades e, juntamente com eles, pensar e planejar atividades que sejam objeto de motivação e de interesse em aprender, fazendo do ato de ensinar/aprender, um ato lúdico impregnado de prazer e alegria para que possa se prolongar pela vida toda e por toda a vida.
Segundo Schmidt, (2010, p.17) “nossas supostas perdas com os pequenos são ganhos em linguagem silenciosa que nenhum matemático, estrategista ou consumista poderá calcular”
Ao final, a experiência me ensinou que mesmo um boneco rude e tosco, sem grandes atrativos estéticos, mas carregado de significados para o imaginário infantil, pode ser o signatário e o desencadeador de um processo de aprendizagem permeado pela ludicidade.

domingo, 31 de outubro de 2010

Retomando algumas leituras


Em função de alguns ajustes necessários no TCC tive que retomar algumas leituras para abalizar algumas afirmações feitas. Entre elas destaco:

Muitos pesquisadores e estudiosos denominam o século XXI como o “Século da Ludicidade". Apesar, do lúdico, ser o modus vivendi próprio da criança sempre esteve presente na ação humana e na vida adulta. Diversão, prazer e entretenimento são condições extremamente requisitadas pela sociedade.
“Assim, o jogo, a brincadeira, o lazer enquanto atividades livres, gratuitas, são protótipos daquilo que representa a atividade lúdica e longe estão de se reduzir apenas a atividades infantis”. (SÁ, Neusa Maria Carlan, s/d).
O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que significa “jogo”. Felizmente a palavra não ficou confinada somente a esse conceito e recebeu outras imbricações que vão além do simples jogar, brincar e movimentar-se de modo espontâneo.
Viver ludicamente significa uma forma de intervenção no mundo, indica que não apenas estamos inseridos no mundo, mas, sobretudo, que somos ele. Logo, conhecimento, prática e reflexão são as nossas ferramentas para exercermos um protagonismo lúdico ativo. (SÁ, Neusa Maria Carlan s/d).

Assim, o jogo, a brincadeira, o lazer enquanto atividades livres gratuitas são protótipos daquilo que representa a atividade lúdica e longe estão de se reduzir apenas as atividades infantis, por isso a necessidade premente de se refletir sobre o lúdico principalmente como atividade que deve permear a sala de aula. Sem discorrer sobre o lúdico como atividade que está cada vez mais se difundindo como sinônimo de saúde e de bem estar.

Convém para um melhor entendimento sobre o lúdico e sua função no processo de aprendizagem esclarecer alguns conceitos que são facilmente confundidos não só no Brasil como em muitos outros países. Como o conceito de brinquedo e brincadeira.
Assim, de acordo com Kishimoto 2002:
Brinquedo é o suporte de uma brincadeira. É o objeto (concreto ou ideológico).
Brincadeira é a descrição de uma conduta estruturada com regras implícitas ou explícitas.
Ficando deste modo subentendido quando os pesquisadores Pontes e Magalhães referem-se aos brinquedos- ponte como sendo o “brinquedo do brinquedo”, visto que o mesmo é construído com sucata e é uma réplica do original, facilitando deste modo que com crianças de baixa renda que não tenha acesso ao brinquedo original possam replicá-lo.
De forma análoga quando os pesquisadores referem-se à forma branda do brincar como sendo “o brincar de brincar”. Pois nesta modalidade de brincadeira, embora tenha regras estabelecidas ou constituídas, podem ser abrandadas, "facilitadas" para que as crianças menores ou com menos habilidades possam participar da brincadeira junto aos maiores.
Estas combinações e concessões são mediadas entre os participantes da brincadeira naquele momento. As concessões podem ser feitas em função do grau de parentesco dos pequenos com um dos integrantes do grupo e nem sempre são aceitos com bom grado por todos os participantes, mas é a oportunidade que estes tem para aprender a brincadeira de uma forma mais leve e protegida e desenvolver as habilidades necessárias que ocorrem na própria situação do brincar e diminuir a distância de estratificação cultural.

Portanto as formas brandas de brincar também contribuem dessa forma para que a cultura não aconteça de forma restrita, mas desencadear um processo cultural em redes de conexões que se constituem na apropriação da linguagem, da cognição e de atitudes comportamentais e de sociabilidade.

Referências bibliográficas:

SÁ, Neusa Maria Carlan. Conceito de jogo- brinquedo- brincadeira.

PONTES, Fernando Augusto Lemos, MAGALHÃES Celina Maria Colina. A estrutura da brincadeira e a regulação das relações.

domingo, 24 de outubro de 2010

Reflexões sobre a prática pedagógica


Acho que hoje devo contemplar reflexões que remetam as mudanças de práticas no fazer pedagógico, por isso me reportar ao texto de Maurice Tardif que menciona no texto Saberes, Tempo e Aprendizagem do Trabalho no Magistério, que os saberes do professor se confundem com o “saber-fazer” e que eles acontecem também através das trocas entre os pares.

Pois bem, não é necessário dizer que estes dias tem sido de leituras e buscas intensas através de material para podermos argumentar através de aportes teóricos argumentos que justifiquem nossos atos pedagógicos. Tem sido um verdadeiro passeio nos Blogs, no ROODA e nos textos disponibilizados pelas Interdisciplinas. E eu gosto disto porque nos permite rever conceitos e ampliar aqueles que já estão arraigados no nosso fazer pedagógico.

Neste passeio pelos diversos ambientes virtuais que nos são proporcionados e característicos de um curso a Distância me deparei com um texto que dizia o seguinte:
"Voltando a sala de aula, utilizava jogos com meus alunos esporadicamente e, eram utilizados somente pelos alunos mais rápidos que ficavam jogando, enquanto eu dava atenção para aqueles que não haviam terminado suas tarefas, ou nos dias de chuva em que havia poucos alunos na aula.
Tardif nos fala que por mais que tentamos negar, também nós professores trazemos para a sala de aula, assim como nossos alunos, as nossas experiências e vivências sociais e culturais e que também temos a tendência de repetir atos e atitudes de nossos professores. Neste sentido se entende minha atitude até então frente a estratégia pedagógica dos lúdico, pois a professora que mais me marcou foi a do 2º ano que brincava e jogava forca conosco nos dias de chuva. Esta professora de qualquer modo contemplava o lúdico em sala de aula que me marcou de tal maneira que quando entrei na sala de aula como professora tentei de certa forma reproduzir seu fazer pedagógico porque ele havia me marcado positivamente.

Mas, Tardif nos fala também que nosso pensar e nosso modo de trabalhar evolui através das trocas e interações realizadas entre os pares e também nos cursos de formação que vamos fazendo ao longo da nossa trajetória profissional justificada por mais este texto:

"Confesso que não entendia como jogos de dama, xadrez, banco imobiliário; brincar de casinha, carrinhos, boneca pudessem estar presentes na sala de aula e auxiliar na aprendizagem e no desenvolvimento intelectual e emocional do aluno. De uns dias para cá, estes jogos já estão incluídos, juntamente com os jogos pedagógicos".

E conclui dizendo o seguinte:

"Trabalhar dessa forma exige disposição física e emocional do professor, às vezes, cansa, mas ao mesmo tempo, desestressa tanto o professor como o aluno, aproxima o professor dos alunos, melhora o relacionamento entre o professor e os alunos e entre os alunos e, sobretudo, sociabiliza o conhecimento e as trocas são feitas de maneira efetiva, sempre acompanhadas de perto pela professora que questiona ou interfere, quando necessário e que também joga quando possível, pois ainda sua presença ainda se faz necessária nos vários grupos constituídos".

Eu diria que os fazeres do professor se fundem com os seus saberes agregados as suas trocas e aprendizagens realizadas nas interações durante sua trajetória como profissional da educação e também se aperfeiçoam ao longo do tempo. Tanto que tive a ousadia de ir além e contemplar e contemporizar o lúdico na sala de aula através da saga de um personagem, de um boneco.

Podemos afirmar que esta foi uma experiência carregada de emoções e de descobertas e recomendamos a todos os profissionais da educação que favoreçam as práticas lúdicas na dinâmica de suas aulas, pois com certeza resultarão em alunos mais envolvidos, mais interessados, motivados e integrados no processo de aprendizagem. Sempre fica aquele “gostinho” de quero mais, como por exemplo, aconteceu quando trabalhamos conceitos sobre identidade em que o aluno V declarou que aquela aula fora muito boa. Expressões como estas animam e gratificam o professor e lhe dá a certeza que está no caminho certo, motivando-o cada vez mais na busca de novas e instigantes estratégias que contemplem o aprendizado de seus alunos.

TARDIF, Maurice. Saberes, Tempo e Aprendizagem do Trabalho no Magistério

sábado, 16 de outubro de 2010

Projeto Político Pedagógico


O Projeto Político Pedagógico é elaborado mediante a participação de todos os segmentos da comunidade escolar: professores, alunos, pais e funcionários para que todos estejam imbuídos e ajam em sintonia para que os objetivos e propostas específicos de determinada escola sejam atingidos. É global, pois envolve a escola toda e toda a escola.

Redigir um projeto pedagógico nos dias de hoje, orientados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, não é tarefa fácil, até porque não há modelos prontos que sirvam como referência e também não são criados espaços para a discussão e elaboração desses projetos que normalmente são realizados dentro de espaço de tempo exíguo, sem que a maioria dos professores e os demais segmentos da comunidade escolar tenham tomado consciência do texto definitivo, daí a dificuldade em se encontrar traços individuais ou características próprias da escola.

O PPP não deve ser definitivo, para que possa voltar constantemente à pauta de estudos para que modificações e alterações sejam acrescentadas, conforme as necessidades e os anseios da comunidade na qual a escola está inserida. Para que isso acontece deve ser nomeada uma comissão encarregada de fazer à revisão e as adaptações necessárias naquele momento. Assim, o PPP deve ser único e próprio, exprimindo o contexto histórico, seja pelo bairro em que a escola se situa, pelo grupo social que representa.

Não há um modelo a ser rigidamente seguido e formatado. Cabe a escola, em sua autonomia, redigir e estabelecer a forma de documento que mais lhe convém, visando sempre o compromisso com a sociedade da qual faz parte e de seus projetos de vida.
O PPP retreta a vida da escola e de toda uma comunidade e, portanto, deve ser algo imanente, real e vivido intensamente por cada um dos membros desta escola. O que nem sempre acontece e seu destino passa a ser o de mais um projeto de gaveta.
É uma ação social comprometida com a formação do cidadão para aquele tipo de sociedade, por isso, diz-se que é também um projeto político. E nele, a muito de sonho e de utopia que deve ser validada mediante outro documento denominado Regimento Escolar onde todas as ações devem vir minuciosamente descritas, não dando margem a erros ou interpretações duvidosas.

Voltei às leituras e reflexões sobre o PPP para dar inicio as considerações finais do TCC conclui que organizar o trabalho pedagógico da escola e da sala de aula é tarefa individual e coletiva de professores, coordenadores, orientadores, supervisores, equipes de apoio e diretores. Para tanto, é fundamental que se sensibilizem com as especificidades, as potencialidades, os saberes, os limites, as possibilidades dos alunos diante do desafio de u a formação voltada para a cidadania, a autonomia e a liberdade responsável de aprender e transformar a realidade de maneira positiva.

A forma como a escola concebe e concebe as necessidades e potencialidades de seus alunos refletem diretamente na organização do trabalho escolar. Por isso, vale ressaltar que como cada escola está inserida em uma realidade com características específicas, não há um único modo de organizar as escolas e as salas de aula.
Claro que não só o educador é responsável pelo modelo de escola e de educação que temos muito menos ele é o único responsável pela organização dos tempos e espaços e tão pouco deveria ser o único responsável pelo desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Todo o esforço da equipe diretiva, do setor pedagógico e demais segmentos deveriam convergir para que isto sucedesse. No mínimo, o professor necessita se sentir apoiado para privilegiar na sala de aula uma educação plena, ampla que permita ao aluno a oportunidade de também desenvolver e manifestar sua plenitude como ser humano.
O educador atual precisa pensar e agir e planejar em consonância com a pluralidade e diversidade de modo a privilegiar a singularidade, isto é, ele precisa administrar a rotina da sala de aula de modo a contemplar os diversos recursos pedagógicos, possibilitando que todos tenham a oportunidade de expressar o seu modo particular de aprender e manifestar o seu saber. Foi com esta finalidade que resolvemos priorizar o lúdico em nossa sala de aula, pois embora não seja a única solução, há um consenso, entre muitos autores que as práticas pedagógicas lúdicas são balizadoras de uma educação transformadora.


BIBLIOGRAFIA

LIBÂNEO,José Carlos. Os campos contemporâneos da Didática e do Currículo:
Aproximações e diferenças. In: OLIVEIRA, Maria Rita N. S. Confluências e divergências entre Didática e Currículo. Ed Papirus, 2002. S. Paulo

FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro; SCHÄFFER, Neiva Otero. Projeto Político-Pedagógico, documento de identidade da escola contemporânea. In FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro; MARCHI, Diana Maria; OTERO, Neiva. Teorias e fazeres na escola em mudança. Porto Alegre.

Textos retirados da Interdisciplina de Escola, Pojeto Pedagógico e currículo - EIXO VI.

domingo, 10 de outubro de 2010

Mais sobre contos de fadas.


Os contos de fadas perspassaramm gerações, embalaram berços e acalentaram os sonhos de gerações, de início, através da tradição oral, os chamados contos individuais e que depois, passaram a se perpetuar através da escrita e do grande cervo que atualmente representam.

Há muitos autores que põem em dúvida o valor dos contos de fadas, pois acreditam que seu conteúdo podem assustar e causar medo em muitas crianças, principalmenta nas mais tímidas.

E aqui gostaria de fazer um parêntese para trazer reminiscências da minha meninice, época em que vivia numa fazenda desses longínquos rincões do Rio Grande do Sul, onde na época não havia luz elétrica, apenas as luzes bruxuleantes de lamparinas a “alumiar” a escuridão e o calor de um fogão. Ah! Havia um fogão a lenha e um matraquear da voz de minha mãe que soava como melodia em meus ouvidos e me transportava para um mundo imaginário, habitado por príncipes e princesa, reis e rainhas, fadas, duendes....Ah! Até, às vezes, principalmente quando as histórias descambavam para o assunto de assombrações havia um pouco de medo. Mas logo, logo entendia que aquela situação não era de verdade, era apenas uma história,"um-faz-de-conta.
Há aqueles que são contra e há os que são a favor dos contos de fadas. Depois dessas reminiscências é evidente que sou totalmente favoável aos contos de fadas e, por isso, sempre contei histórias para meus filhos e, agora, conto sempre para meus alunos.

As histórias, não só possui valores como instrumento de reajuste psicológico, mas também como fator de resgate da cultura. Foi através delas quer pela oralidade, quer pela escrita que as gerações encontraram fonte para resguardar suas experiências e conhecimentos e perpetuá-las para o mundo.

A literatura é um bem cultural da humanidade e, principalmente, textos da ordem do narrar, nos quais se incluem os contos, fábulas e lendas deverem estar presentes na rotina pedagógica dos professores, principalmente dos anos iniciais, pois promove a motivação necessária para que as crianças mostrem interesse em aprender a ler e escrever.

O professor que lê para seus alunos e proporciona oportunidade para que também eles manuseiem livros e elaborem suas próprias leituras, possibilita a oportunidade de inseri-los na comunidade de leitores.

A leitura de histórias e, principalmente de contos de fadas, promove no ser humano a fantasia e o sonho; é fonte de prazer e como tal precisa ser reconhecida como meio para garantir o lazer do público infantil também nas escolas.

Além disso, não há como negar o seu valor cognitivo, sobretudo no processo de letramento e alfabetização.

ALFABETIZAR/LETRANDO, eis o grande desafio para os professores atuais possam garantir aos seus alunos o direito não apenas ler e registrar automaticamente palavras numa escrita alfabética, mas de poder ler/compreender e produzir textos para compartilhar socialmente como cidadãos.

O professor necessita recriar estratégias pedagógicas para que o aluno, entre tantas habilidades, seja capaz de registrar no papel (caderno) o que pretendo comunicar e sobre como transformar os signos gráficos em pauta sonora,isto é, apropriar-se do sistema alfabético de escrita. E isto meus pequenos já fazem com certa propriedade.

Apreciemos mais uma narrativa que comprova as afirmações:

- Eu esqueci a centopéia na mochila.

-Mas, depois me lembrei.

- Daí eu pedi prá minha mãe me ajudar a colocar uma perna nela.

-Depois, nos jogamos videogame e fomos “durmir”!

Reflexões em cima do texto Encantos para sempre, cap. 1. Interdisciplina de Literatura.

domingo, 3 de outubro de 2010

Quem conto um conto, aumenta um ponto...


Esta semana, em função do TCC me detive na leitura do texto Desenvolvimento e aprendizagem em que Piaget fala sobre os estágios de desenvolvimento da criança.
Piaget na Epistemologia do Conhecimento nos fala que o primeiro estágio é o sensório motor, pré-verbal que dura até aproximadamente até os 18 meses. Neste período desenvolve-se o conhecimento prático. Assim, no início para o bebê o objeto não tem permanência. Se o objeto se afasta do seu campo visual, não esboça tentativa de pegá-lo novamente. No entanto, mais tarde há a tentativa de localizá-lo através da localização espacial. Por isto, junto com a construção do espaço prático ou sensório-motor surge também a construção do objeto permanente.
No estádio pré-operatório que vai dos 2 aos 5, 6, 7 anos, dá-se o fenômeno da formação símbolo. A partir de então, utilizamos mais a assimilação, ao invés da acomodação, ou seja, neste momento passamos a ver o mudo sob a ótica de nós mesmos, não importa tanto o real, mas o que nós fantasiamos a partir dele. É neste momento de nossas vidas que mais apreciamos os contos de fadas e as crianças estão sempre dispostas a ouvirem ou lerem uma historia.
Segundo Piaget a passagem de uma fase para a outra se dá de forma gradual de maneira que no início de uma fase ainda há resquícios da fase anterior e, naturalmente, no final da mesma já encontramos vestígios da próxima. Pode haver uma flexibilidade de idade de um estádio para o outro, dependendo das experiências de da maturidade de cada uma, o que não pode haver é uma inversão na ordem dos mesmos. A idade de nossos alunos varia entre 7, 8 e 9 anos e, por isso muitos já estão no estádio operatório ou das ações concretas. Por isso, com certeza tiveram habilidade e destreza para confeccionar um boneco caricatural de uma centopéia e através dele construírem aprendizagens significativas.
Com a feitura de um boneco, a mascote Centopéia, fomos autores e construtores de nossos textos, à nossa maneira. Foi possível desenvolver uma literatura própria e através dela as crianças registraram fatos reais de suas vidas, “misturados” com um místico irreal. Ou, argumentando mais a luz de alguns teóricos já mencionados neste trabalho, foi possível através de um brinquedo (objeto - concreto) transitar entre o real e o imaginário, criando narrativas que contemplam fatos e vivências de suas vidas sob o enfoque do que mais sabem fazer, através da inventividade, da criatividade e da ludicidade.
As crianças brincaram com a mascote em suas casas, com seus irmãos e amigos, na praça, nas "peladas" dos fins de tarde, levando-a ao Shopping e acompanhando-os nos mais variáveis programas familiares e culturais (no cinema, no restaurante, etc).
Em torno da mascote, "misturamos" o real e o irreal e, com certeza neste trajeto, curamos algumas feridas, cicatrizes e "arranhões" do corpo e da alma, tamanha a força das histórias infantis na vida de qualquer pessoa, especialmente das crianças.
Nota-se que, principalmente, o Ensino Fundamental, oferece poucas chances para a criança expressar seu lado lúdico, tão aflorado e tão natural e espontâneo, tão próprio e tão próximo do seu jeito e trejeito de ser e estar no mundo.
O trabalho pedagógico precisa favorecer a experiência nas diferentes áreas do saber de modo a inferir diferentes conhecimentos. Portanto, o professor não deve abster-se de explorar a dança, a música, as artes, o teatro, a literatura e diferentes áreas afins, enfim as diferentes expressões artísticas, pois eles favorecem o conhecimento, as relações sociais e as interações e inserções no mundo e na realidade.
Devemos explorar a inventividade e a ludicidade que são propriedades específicas do ser humano e singulares nas crianças. Na primeira oportunidade que tem as crianças mostram seu lado brejeiro, faceiro, sua alegria e faceirice; elas são inquietas, “perturbadoras”, galhofeiras. Onde há crianças, logo se instala a comunicação e o movimento. Assim, como a dança, a música e as artes devem estar presentes na grade curricular ao lado das demais disciplinas. Senão, o professor deve abrir espaço na sua agenda para incluí-las no seu planejamento.
Para Vygotsky (1984), “a permeabilidade da fronteira entre o real e o imaginário, ressaltando que um alimenta o outro – a fantasia precisa da realidade como parâmetro, pois não se cria do nada; a realidade precisa da fantasia para relativizá-la, para suavizá-la. Para lhe dar colorido”.

PIAGET, Jean. Desenvolvimento e aprendizagem.

Texto da Interdisciplina de Psicologia II