domingo, 3 de outubro de 2010

Quem conto um conto, aumenta um ponto...


Esta semana, em função do TCC me detive na leitura do texto Desenvolvimento e aprendizagem em que Piaget fala sobre os estágios de desenvolvimento da criança.
Piaget na Epistemologia do Conhecimento nos fala que o primeiro estágio é o sensório motor, pré-verbal que dura até aproximadamente até os 18 meses. Neste período desenvolve-se o conhecimento prático. Assim, no início para o bebê o objeto não tem permanência. Se o objeto se afasta do seu campo visual, não esboça tentativa de pegá-lo novamente. No entanto, mais tarde há a tentativa de localizá-lo através da localização espacial. Por isto, junto com a construção do espaço prático ou sensório-motor surge também a construção do objeto permanente.
No estádio pré-operatório que vai dos 2 aos 5, 6, 7 anos, dá-se o fenômeno da formação símbolo. A partir de então, utilizamos mais a assimilação, ao invés da acomodação, ou seja, neste momento passamos a ver o mudo sob a ótica de nós mesmos, não importa tanto o real, mas o que nós fantasiamos a partir dele. É neste momento de nossas vidas que mais apreciamos os contos de fadas e as crianças estão sempre dispostas a ouvirem ou lerem uma historia.
Segundo Piaget a passagem de uma fase para a outra se dá de forma gradual de maneira que no início de uma fase ainda há resquícios da fase anterior e, naturalmente, no final da mesma já encontramos vestígios da próxima. Pode haver uma flexibilidade de idade de um estádio para o outro, dependendo das experiências de da maturidade de cada uma, o que não pode haver é uma inversão na ordem dos mesmos. A idade de nossos alunos varia entre 7, 8 e 9 anos e, por isso muitos já estão no estádio operatório ou das ações concretas. Por isso, com certeza tiveram habilidade e destreza para confeccionar um boneco caricatural de uma centopéia e através dele construírem aprendizagens significativas.
Com a feitura de um boneco, a mascote Centopéia, fomos autores e construtores de nossos textos, à nossa maneira. Foi possível desenvolver uma literatura própria e através dela as crianças registraram fatos reais de suas vidas, “misturados” com um místico irreal. Ou, argumentando mais a luz de alguns teóricos já mencionados neste trabalho, foi possível através de um brinquedo (objeto - concreto) transitar entre o real e o imaginário, criando narrativas que contemplam fatos e vivências de suas vidas sob o enfoque do que mais sabem fazer, através da inventividade, da criatividade e da ludicidade.
As crianças brincaram com a mascote em suas casas, com seus irmãos e amigos, na praça, nas "peladas" dos fins de tarde, levando-a ao Shopping e acompanhando-os nos mais variáveis programas familiares e culturais (no cinema, no restaurante, etc).
Em torno da mascote, "misturamos" o real e o irreal e, com certeza neste trajeto, curamos algumas feridas, cicatrizes e "arranhões" do corpo e da alma, tamanha a força das histórias infantis na vida de qualquer pessoa, especialmente das crianças.
Nota-se que, principalmente, o Ensino Fundamental, oferece poucas chances para a criança expressar seu lado lúdico, tão aflorado e tão natural e espontâneo, tão próprio e tão próximo do seu jeito e trejeito de ser e estar no mundo.
O trabalho pedagógico precisa favorecer a experiência nas diferentes áreas do saber de modo a inferir diferentes conhecimentos. Portanto, o professor não deve abster-se de explorar a dança, a música, as artes, o teatro, a literatura e diferentes áreas afins, enfim as diferentes expressões artísticas, pois eles favorecem o conhecimento, as relações sociais e as interações e inserções no mundo e na realidade.
Devemos explorar a inventividade e a ludicidade que são propriedades específicas do ser humano e singulares nas crianças. Na primeira oportunidade que tem as crianças mostram seu lado brejeiro, faceiro, sua alegria e faceirice; elas são inquietas, “perturbadoras”, galhofeiras. Onde há crianças, logo se instala a comunicação e o movimento. Assim, como a dança, a música e as artes devem estar presentes na grade curricular ao lado das demais disciplinas. Senão, o professor deve abrir espaço na sua agenda para incluí-las no seu planejamento.
Para Vygotsky (1984), “a permeabilidade da fronteira entre o real e o imaginário, ressaltando que um alimenta o outro – a fantasia precisa da realidade como parâmetro, pois não se cria do nada; a realidade precisa da fantasia para relativizá-la, para suavizá-la. Para lhe dar colorido”.

PIAGET, Jean. Desenvolvimento e aprendizagem.

Texto da Interdisciplina de Psicologia II

2 comentários:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Parabéns pela postagem... essa aluna nem precisa mais de orientação!! hehe

Continue assim! =)

Neuza Terezinha da Rocha disse...

Oi tutora Patrícia,

assim, vou ficar convencida...heheheheee.

Beijos